Previdência para PJ: qual melhor investimento para aposentadoria?
Investimento para aposentadoria ainda é algo que a maioria dos profissionais no Brasil não pensa. De acordo com o “Raio-X do investidor brasileiro”, estudo da Anbima de 2024, mais da metade da população brasileira (51%) acredita que será sustentada apenas pelo governo na aposentadoria. Além disso, apenas 9% de quem investe no Brasil o faz pensando no período da velhice.
Quem é um profissional PJ deve ter ainda mais cuidado ao se preparar para essa fase da vida, uma vez que possuem mais variações em seus rendimentos comparados aos CLTs ou servidores públicos, e menos benefícios garantidos por lei. Além disso, existem regras para a contribuição das pessoas jurídicas pensando no INSS.
Neste guia prático, você confere as regras para aposentadoria do profissional PJ e analisa qual é o melhor investimento para aposentadoria.
Quem é PJ pode se aposentar?
Sim. Muita gente não sabe, mas o profissional PJ pode garantir sua aposentadoria de diferentes maneiras: seja pela Previdência Social (INSS), Previdência Privada ou fundos de investimentos.
Por meio do INSS, as regras para a contribuição vão variar de acordo com o porte do CNPJ. Existe, porém, um teto máximo que a aposentadoria pelo INSS pode chegar. Dependendo de quanto for a renda do profissional, é altamente recomendável que ele procure outras formas de previdência, para não ter uma mudança brusca nos ganhos quando se aposentar.
Salário mínimo e máximo INSS
Se o PJ esteve em dia com os seus tributos durante o período em que trabalhou, quando se aposentar ele receberá o salário mínimo previsto pelo INSS, que é de R$ 1.412 em 2024. Vale lembrar que o valor acompanha sempre o salário mínimo, portanto, é variável durante os anos.
Como dito anteriormente, o benefício pago pelo INSS está limitado a um teto, que gira em torno de R$ 7.786,02 em 2024 (esse montante também é variável durante os anos). Se você pretende receber uma quantia acima desse valor na sua aposentadoria, o ideal é começar a planejar outras opções o quanto antes.
Como funciona a aposentadoria do INSS para o MEI?
O MEI contribui para o INSS de forma simplificada, com alíquota (tributos) reduzida, por meio do pagamento do DAS. No DAS, já está inclusa a contribuição previdenciária (INSS), o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) ou o ISS (Imposto sobre Serviços), a depender da atividade econômica.
Em 2024, os valores pagos no DAS variam entre R$ 71,60 e R$ 76,60 a depender da atividade econômica exercida pelo CNPJ.
O MEI que paga o DAS da maneira correta já terá direito ao INSS. O benefício para o microempreendedor individual é fixado por lei em um salário mínimo. Em 2024, o valor é de R$ 1.412.
👉 Saiba mais: Qual a diferença de pagar MEI ou INSS? Entenda aqui
Como é feito o recolhimento do INSS para o Simples Nacional?
O Simples Nacional é um regime tributário específico para microempresas (MEs), Empresas de Pequeno Porte (EPPs) e Microempreendedores Individuais (MEIs) – o MEI, contudo, tem regras diferentes para o INSS, que foram citadas acima.
O percentual de imposto referente à contribuição do INSS para as organizações optantes do Simples Nacional é de 11%. Entretanto, esse percentual incide sobre o valor da receita bruta anual de cada empresa. Sendo assim, quanto maior o faturamento de uma empresa, maior será o valor referente ao INSS pago no DAS.
Vale lembrar que empresas de limpeza, obras, construção civil, vigilância (atividades enquadradas no anexo IV) etc., tem outro percentual de imposto do INSS. Nesses casos, essas instituições pagam o INSS como as que estão inseridas em outros regimes tributários, sem ser do Simples Nacional. Assim, o valor da alíquota aplicada é de 20% e o pagamento deve ser feito por meio da Guia da Previdência Social (GPS).
Outras modalidades de PJ no INSS
As empresas que não estão inclusas no Simples Nacional recolhem 31% de INSS sobre o valor dos salários e pró-labore, divididos em:
- 11% a parte do empregado e sócio (pró-labore);
- 20% a parte do INSS Patronal, referente a parcela de contribuição para financiar os benefícios previdenciários de seus trabalhadores.
Qual é o melhor investimento para aposentadoria?
Antes de começar a investir pensando na aposentadoria, é importante saber que não existe um investimento mais indicado para todas as pessoas. A tolerância ao risco, a idade e a realidade financeira de cada pessoa são fatores cruciais para essa decisão, portanto, não há como estipular um fundo que seja o melhor para todos.
A seguir, você verá opções de ativos que cumprem bem a função de renda para aposentadoria. Analise as particularidades de cada um de acordo com o seu contexto de vida para escolher em qual investir. Como a aposentadoria é um investimento a longo prazo, mas que deve ser garantido no futuro, o ideal é optar por um fundo seguro para esse período da vida.
Outro ponto de destaque é saber diversificar sua carteira: aposte em pelo menos mais que um investimento para ter menos riscos e mais potencial de retorno.
Você deve estudar bastante a temática e, mesmo assim, se não tiver o conhecimento suficiente, solicite ajuda de um consultor de investimentos.
1. Tesouro Direto
O Tesouro Direto é uma forma acessível e segura de investir em títulos públicos. Existem várias opções disponíveis para os investidores, como Tesouro Selic, Tesouro IPCA+ e Tesouro Prefixado.
Tesouro RendA+
Disponível para venda desde janeiro de 2023, o RendA+ foi criado especialmente pensando na aposentadoria da população. O site do investimento permite que você faça uma simulação do valor a receber no futuro, considerando sua idade atualmente, quanto você quer ganhar e com quantos anos deseja se aposentar.
Diferente de outros títulos do Tesouro Direto, o Tesouro RendA+ não paga o valor de uma única vez, na data do vencimento. Em vez disso, você recebe 240 parcelas mensais (equivalente a 20 anos), que começam a ser pagas na chamada “data de conversão”.
- Exemplo: “Eu tenho 25 anos. Quero me aposentar com 55 anos. A renda que eu quero é de R$ 5 mil por mês. Tenho R$ 5 mil para dar como aporte inicial”.
Para este caso, o simulador do tesouro RendA+ irá fornecer o seguinte título:
“Com rentabilidade IPCA + 6.42% ao ano, na conversão 2055 e vencimento 2074.
Você precisa ter 279,59 títulos do Tesouro RendA+ para receber R$ 5.000,00 mensalmente durante 20 anos a partir de 2055.
Com o valor de R$ 5.000,00 você já larga na frente com 13,42 títulos. Assim, você precisa comprar 0,73 títulos por mês até sua aposentadoria. Hoje 0,73 títulos custam aproximadamente R$ 271,94”.
Portanto, para isso, você precisaria aportar mensalmente o valor de R$ 271,94 para garantir o valor do exemplo citado na sua aposentadoria.
2. CDB (Certificados de Depósitos Bancários)
O CDB é um investimento de baixo risco emitido por instituições financeiras. Funciona assim: você empresta dinheiro para bancos, por exemplo, e eles te pagam um juros pelo dinheiro emprestado.
Este investimento possui três diferentes tipos de classificações:
- Prefixado: no momento da aplicação, já é possível saber quanto ele irá te render ao ano;
- Pós-fixado: é atrelado a um índice e depende da variação dele;
- Híbrido: mescla um prefixado com um pós, portanto, no momento do investimento inicial, será definido que você terá uma rentabilidade pré-definida, acrescida da variação do índice.
Veja um cálculo de CDB feito pelo simulador do site InvestNews.
Exemplo: “Com um aporte inicial de R$ 3.500,00, investindo o valor de R$ 300,00 por mês, durante 20 anos. Quanto eu terei se investir em um CDB?”
De acordo com o simulador, optando por um CDB que rende 100% do CDI, você terá até R$ 187.621,44 daqui vinte anos. O valor que você colocou do seu bolso, na simulação, no entanto, foi apenas de R$ 75.500,00.
É importante ressaltar que, quanto maior for o tempo investido, maior será a rentabilidade (ganhos) dos títulos. Pensando em um investimento para aposentadoria, portanto, os CDBs podem ser boas alternativas.
Os CDBs são protegidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), garantindo a segurança do capital investido até determinado valor.
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3. Letras de Crédito (LCIs e LCAs)
Os LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) destacam-se pela isenção de imposto de renda. Além do benefício fiscal, também é um investimento seguro e flexível.
Geralmente, a rentabilidade destes investimentos está atrelada ao CDI, que é um dos índices utilizados nos investimentos de renda fixa, garantindo um investimento seguro e estável.
Veja um cálculo de CDB feito pelo simulador do site InvestNews.
Exemplo: “Sem nenhum aporte inicial, investindo o valor de R$ 500,00 por mês, durante 20 anos. Quanto eu terei se investir em um LCI/LCA?
De acordo com o simulador, optando por um LCI/LCA que rende 100% do CDI, você terá até R$ R$ 320.914,26 daqui vinte anos. O valor que você colocou do seu bolso, na simulação, no entanto, foi apenas de R$ 120.000,00.
Assim como os CDBs, as Letras de Crédito são asseguradas pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito) que dão ainda mais estabilidade e segurança ao investidor.
Importância de manter uma reserva de emergência
Para além da aposentadoria, é fundamental que o profissional PJ também organize uma reserva de emergência. Imagine que você tenha todo o seu dinheiro investido em apenas um ativo, focado na sua aposentadoria.
Se você tiver uma emergência médica, uma reforma na casa de urgência ou ficar desempregado, é muito provável que você gaste esse valor para se restabelecer financeiramente.
O problema é que o montante da aposentadoria não deve ser utilizado para nenhum outro fim que a própria aposentadoria. Além de ferir a rentabilidade desse ativo (e, consequentemente, todo o planejamento de lucro e ganhos realizado), você perderá toda sua disciplina.
É indispensável, portanto, ter sempre uma reserva de emergência, como o nome diz, para imprevistos, além de outros investimentos separados. O recomendável é manter um investimento para cada objetivo de vida, personalizando os ganhos e prazos de forma ideal.
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